quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O que é a Teologia da Libertação ?


 A Teologia da Libertação se converteu numa dor de cabeça para o papa João Paulo II no Brasil, reduto do catolicismo, e apesar de ter conseguido contê-la, não conseguiu acabar com a chamada "opção preferencial pelos pobres" tomada por alguns de seus representantes. O Papa que chegou do Leste Europeu em plena guerra fria foi surpreendido por esta corrente fortemente influenciada pelo pensamento marxista, no seio da própria Igreja. 


A teologia da Libertação surgiu na América Latina em conseqüência das transformações introduzidas na Igreja pelo Concílio Vaticano II (1962). Foram as Conferências Episcopais de Medellín, na Colômbia (1968), e Puebla, no México (1979), que consagraram "a opção preferencial pelos pobres" da igreja latino-americana. Esta teologia ficou mais ligada às comunidades eclesiais de base, comprometidas com as lutas sociais e que foram se envolvendo cada vez mais na luta política, em um momento em que a região estava dominada por ditaduras militares e conflitos guerrilheiros.

Entre os maiores defensores desta corrente católica, encontram-se o colombiano Camilo Torres, bispos comprometidos com as lutas populares, como o brasileiro Dom Hélder Câmara, com a defesa dos direitos humanos, como o também brasileiro Dom Paulo Evaristo Arns ou o cardeal chileno Silva Henriquez, e com a paz, como o bispo e mártir salvadorenho Oscar Arnulfo Romero, assassinado pelos militares. O choque de João Paulo II com a Teologia da Libertação ficou ilustrada em sua visita a Manágua, nos anos 80, quando fez uma repreensão pública ao ministro da cultura sandinista, o sacerdote Ernesto Cardenal, que havia desafiado sua proibição de permanecer no Governo revolucionário de Nicarágua. Mas foi no Brasil - considerado o país mais católico do mundo, com seus 130 milhões de fiéis - que a difusão da Teologia da Libertação mais alarmou o Papa polonês.

Durante seus 25 anos de reinado, João Paublo II esteve quatro vezes no Brasil, em 1980, 1982, 1991 e 1997. Carol Wojtyla combinou no Brasil uma paciente política de substituição de bispos militantes por prelados mais conservadores, com um estrito controle dos seminários e, inclusive, medidas repressivas, com a condenação ao silêncio do teólogo ativista Leonardo Boff. Apesar disso, um dos últimos expoentes desta corrente no episcopado brasileiro, o bispo de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, Pedro Casaldaliga, 72 anos, insistiu que a "Teologia da Libertação, com a criação das Comunidades Eclesiais de Base (CEB) e as pastorais, é algo irreversível e inquestionável", em recentes declarações à AFP.

Para este catalão radical, que se aposenta este ano depois de 35 anos como bispo, a Teologia da Libertação, que define como "uma politização da fé", se traduziu no Brasil pelo "surgimento das CEB e uma proliferação de pastorais de vários setores da vida humana (agricultores, indígenas, meninos de rua, mulheres marginalizadas...)". Uma corrente importante na formação do Partido dos Trabalhadores (PT) foi justamente a esquerda católica, e um de seus principais ideólogos, o Frei Betto, é atualmente um dos assessores mais influentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Na América Latina era necessário um compromisso mais social, mais político, e denunciar as causas da exclusão para combatê-la", explicou Casaldaliga.

Um acesso de Casaldaldiga, o padre Paulo, informou que o Papa preferiu favorecer movimentos conservadores como o Opus Dei ou os Carismáticos. "Este Papa favoreceu mais os modelos como Marcelo Rossi, ao invés do modelo Pedro Casaldaliga", lamentou o padre Paulo.




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